Amália Rodrigues Com que Voz

Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
que mor não seja a dor
que me deixou o tempo,
de meu bem desenganado.

Mas chorar não se estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver,
pois se mudou em tristeza
a alegria do passado.

De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente
por quem a vida e bens dele aventuro.

Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
que mor não seja a dor
que me deixou o tempo,
de meu bem desenganado.